O descaso com o trabalho feminino já existe há muitos anos. No futebol é mais complexo porque há um preconceito por ser um esporte com predominância e com maior foco no futebol masculino, desconsiderando o fato de que mais de cinco mil mulheres praticam esse esporte profissionalmente ou exercem outras profissões que o envolvam.
Mesmo com a regra criada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), onde diz que se “clubes brasileiros que não tiverem um time de futebol feminino serão proibidos de participar libertadores a partir de 2019”, apenas sete clubes dos 20 da elite futebolística têm times compostos por mulheres. Outra exigência da CBF, além de maior investimento, os clubes terão de cumprir ações que visam, principalmente, estimular a formação de jovens atletas e melhorias na infraestrutura nos centros de treinamento.
O mais decepcionante em toda essa desvalorização do futebol feminino é que este feito acontece com mais predominância no “país do futebol”, mas país do futebol masculino. O nível de desafios enfrentados chega ao ponto de atletas terem que vestir o uniforme de jogo em um estacionamento, porque supostamente não tem vestiários para as mesmas. Dentre outros desafios enfrentados, destacam-se as inúmeras partidas jogadas em dias seguidos – às vezes na mesma semana - sem descanso pelo motivo do estádio não ter datas suficientes para reserva de um jogo considerado fora dos padrões.
Por ser considerado um esporte para homens, o futebol feminino não recebe nenhuma divulgação nas redes sociais, porém a frequência feminina nos diferentes tipos de esporte é um fenômeno representado pelas transformações estruturais pelo que se passou e se passa o esporte contemporâneo. No ano de 2016, as Olimpíadas que ocorreram no Rio de Janeiro mostraram que existe mulher no esporte, sendo 45% de atletas femininas, mesmo que alguns países proíbam sua presença em esportes. Mesmo que haja países que impeçam o papel da mulher no meio esportivo, pesquisas afirmam que o desempenho delas nos esportes é melhor que o desempenho masculino.
Lamentavelmente, a dificuldade não existe apenas no âmbito de jogo: jornalistas que escolheram se especializar na área esportiva sofrem diariamente com o machismo e o assédio enquanto estão trabalhando. A campanha das redes sociais #deixaelatrabalhar teve como objetivo a conscientização do valor da mulher no meio esportivo. Um esporte que deveria ser de união e de libertação para pessoas se torna opressor a um ponto de existir campanhas para que uma sociedade visivelmente machista se conscientize da humilhação que essas profissionais passam. Antes de gritar enlouquecidamente por mais um gol de um craque, deveria gritar para que tenhamos um país mais próximo de honrar em ser país do futebol sem valores sexistas, um país que valorize o futebol jogado por mulheres e por homens.
ENQUETE
Uma pesquisa realizada com jogadoras da categoria de base do time Grêmio Foot-Baal Porto Alegrense traz no foco do questionamento qual o maior problema enfrentado pelo público feminino no esporte e por que ainda há tanto preconceito em um esporte com predominância masculina. As jovens possuem idades entre 16 e 17 anos e também apresentam dificuldades nos centros de treinamento, tal qual o fato de possuir vestiários separados, mas mesmo assim não conseguem se adequar ao local.
PERGUNTAS REALIZADAS:
1. Você acha que a mulher é muito desvalorizada no meio futebolístico?
2. Qual você acha que é o maior problema que as mulheres passam em seu trabalho, sendo elas jornalistas ou jogadoras?
3. Por que você acha que ainda exista muito preconceito com o fato de mulheres praticarem um esporte predominantemente masculino?
4. Você acha que ainda deveriam existir mais campanhas além das já realizadas #deixaelatrabalhar e #deixaelatorcer?
Inayê Silva
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